LUCAS NANGI
ECOS LITERÁRIOS DO FIM DO MUNDO
“Para escrever é preciso escrever. Nessa contradição se situam a essência da escrita, a dificuldade da experiência e o salto da inspiração. O salto é a forma ou o movimento da inspiração. Essa forma ou esse movimento não apenas faz da inspiração o que não se pode justificar, mas que esta se reencontra em sua principal característica: nessa inspiração que, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, é falta de inspiração, força criadora e aridez intimamente confundidas.” (Maurice Blanchot)
“— Você é escritor? E já tem algo publicado?
— Sim! Eu tenho um romance de...
— Romance? Aaaaihn... que fofinho! Tá apaixonadinho? Escreveu esse romance pra alguma mocinha, é?
— Não... assim... romance não significa...
— Corre aqui, Lurdinha! Candinha! O Joãozinho escreveu um romance, tá todo xonadooo...
— Aaaaaaaaihnnn (vozes delas).”
Levante a mão o Escritor que já passou por isso, por favor. Você... aham, você...sim, a mocinha ali atrás...sim, você também... ah, só quer pedir pra ir no banheiro? Pode sim... alguém mais?
Tá, não é beeeem por essa cena, mas algo semelhante e, creio eu, que no mínimo 70% dos Escritores escutaram algo assim. Ou seja, se é preciso escrever para escrever (sábias palavras do Capitão Òbvio), como escrever sem saber o que se escreve?
Não! Não quebrei a cabeça criativa de vocês, apenas estou falando de discernir Gêneros Narrativos!
Pois é, não é de hoje que os Gêneros Narrativos são confundidos seja no meio familiar, seja pelos Leigos, seja por Escritores (sim! Vejo muitos Escritores que ainda não sabem diferenciar Romance de romântico!).
“Ah, Nangi... fazer o quê? Interna esse povo? Tem cura?”
Mas é claro que há cura, pequenos gafanhotos! Um pouco de estudos básicos aos Escritores e, porque não, aos Leitores também, para tudo se resolver! Nenhum bicho de setenta cabeças, nem sequer de sete!
Sim, não tenham medo, jovens aspirantes a Tolkiens e Agathas Christies! Portanto, vamos lá!
Primeiramente, gênero é diferente de tema, já diria um de meus mestres, o nobre Davi Paiva (referências ao final). Um gênero Romance pode se subdividir em temas de terror, fantasia, ficção, romântico (“Aaaah! Lurdinhaaa, olha isso aqui, agora sim entendi o que o Joãozinho tava falando!!”), dentre outros e, estes temas, subdivididos em mais ainda como horror psicológico ou real; romance fantástico estranho puro ou fantástico maravilhoso, e assim por diante.
Portanto, temos como principais Gêneros Narrativos oooos (e lá vem os tópicos!):
1) Romance: trata-se de uma obra mais longa, uma herança da chamada Epopéia, que, tomando o critério utilizado pela literatura inglesa, tem-se uma obra com mais de 40 mil palavras.
Por vezes divide-se em capítulos, com um ou mais personagens principais, além de coadjuvantes e antagonistas, nos quais todos possuem um objetivo que se desenvolve ao redor do núcleo principal da história.
Seja romântico, terror, baseado em fatos reais, ficção científica ou fantasia, trata-se de uma obra mais complexa, com maiores detalhes, espaçamentos de locais e tempos, mais diálogos e, mesmo com um objetivo principal do protagonista, podendo-se entrelaçá-lo com outros objetivos de outros personagens, mas desde que o Principal seja o mais desenvolvido e focalizado.
O olhar maroto de quem é um Romance de sucesso no mundo - Código Da Vinci, de Dan Brown
2) Conto: “Aah, eu já ouvi falar isso aí, Nangi!”
Sim, visitantes da longínqua terra de Nárnia!! Como explicitado no primeiro Dicas Literárias, conto é um gênero narrativo menor, que se utiliza, preferencialmente, de um único personagem principal, havendo menores dimensões de espaço e tempo, além de poucas palavras (ou seja, evitar, ao máximo, produzindo a menor quantidade mínima possível de menor que menos de pouca, quanto mais breve possível, minimamente falando com o mínimo de palavras, a fim de não encher linguiça, como vocês podem perceber que não faço...)
Aquele olhar sensual de quem está repleto de contos pra contar (Arrá! Tá, parei...). Eu, Robô - Isaac Asimov
3) Novela: “Lurdinhaaa! Olha só, vai falar da Globo agora!”... pera, calma lá, Escritores e Leitores! Nops, o que digo não é aquela novela da globo, mas sim uma obra mais curta do que o romance (de volta aos ingleses: entre 17.500 a 40.000 palavras).
Muitos confundem Romance com Novela, e vice versa, e roda roda vira, assim como eu mesmo já confundi antes. A princípio, além de ser menor do que o romance e maior do que um conto, segue-se um único personagem principal, com uma temática apenas (ou pouquíssimas temáticas), destacando uma trama na qual vive aquele protagonista, seja sua vida familiar, amorosa, ou qualquer aspecto dela.
O olhar de "Beije meus pés" de quem é um livro de novelas escrito por um dos escritores mais aclamados do mundo. Novelas Exemplares, Miguel de Cervantes
4) Crônicas: e que tal aquelas histórias para se ler em uma sentada? Aquelas histórias em que você se identifica, pois relata pequenos casos corriqueiros de seu dia a dia? Uma visita à padaria no qual encontra aquele pão de queijo que te faz lembrar-se da prima da vizinha de sua mãe que anos antes tocava violão debaixo da laranjeira.
Isso e outros diversos exemplos formam a Crônica, uma narrativa curtinha, encontrada, principalmente, em jornais, falando sobre questões sociais, políticas, econômicas, questões diárias, emoções, mostrando como o cronista enxerga o mundo.
“— Ah! Posso escrever uma crônica falando de quando a Lurdinha pisou no rabo de um gambá no meio daquela estradinha de terra em Tangamandápio?
Vai cuidar da sua vida, Candinha!
Sim! Pode sim! Um momento pessoal, uma temática que pode acontecer com todo mundo! Algo que delicie o leitor em uma leitura rápida e fluída, podendo apenas descrever pessoas e lugares, relatar momentos engraçados, narrar situações embaraçosas, discorrer sobre fatos histórias, fazer sátiras e críticas às questões reais!
O olhar de alegria por ter um conto bem feliz para finalizar meu post! Karina P. Issamoto - Felicidade Singela
Jacarezada do Reino Encantado da Xuxa, listei alguns dos mais importantes e corriqueiros Gêneros Narrativos, porém outros passíveis de serem encontrados seriam Epopéias, Fábulas, Ensaios e Apólogos! Quis deixar apenas breves considerações e guiá-los nessa jornada literária em busca do estilo que melhor cabe em suas mentes criativas e incansáveis!
Gostou do textinho? Então não deixe de postar seu comentário! Diga qual gênero prefere, diga o que achou, faça suas críticas e indicações!
And...
Hasta la vista, babys!
Referências e Indicações
Definições de Gênero Fantástico de acordo com Tzvetan Todorov. Octavio Aragão. Disponível em: <http://octavioaragao.blogspot.com.br/2011/09/definicoes-do-genero-fantastico-de.html>.
Davi Paiva – Livros e Textos. PodEscrever, um podcast para escritores! Basta pedir os áudios na página em: <https://www.facebook.com/davipaivalivrosetextos/?fref=ts>.
Gênero Narrativo. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-narrativo.htm>.
Gênero Narrativo. Gênero Literários. Disponível em: <http://generos-literarios.info/genero-narrativo.html>.
O que é um conto. Viver da Escrita, por Rodrigo Van Kampen. Disponível em: <http://viverdaescrita.com.br/o-que-e-um-Conto/>.
Romance e Novela. Miss Carbono, por Karol Rodrigues. Disponível em: <http://misscarbono.blogspot.com.br/2010/11/romance-e-novela.html>.
Diferença entre Conto, Romance e Novela. Prof. Laercio Genuino Mendonça. Disponível em: <http://laerciomendonca.blogspot.com.br/2012/03/diferenca-entre-conto-romance-e-novela.html>.
Conto, novela e romance. Miriam Santos. Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/conto-novela-e-romance/11349>.
Felicidade Singela. Karina P. Issamoto. Disponível em: <http://karinaaldrighis.blogspot.com.br/2013/10/cronicas-para-um-jornal.html>.