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“[...] se você está escrevendo sem entusiasmo, sem prazer, sem amor, sem alegria, você é apenas meio autor. Significa que está tão preocupado em manter um olho no mercado, ou um ouvido no círculo de escritores de vanguarda, que não está sendo você mesmo. Talvez nem ao menos se conheça. A primeira coisa que um escritor deve ser é animado. Deve ser uma coisa de febres e entusiasmos. Sem esse vigor, seria melhor ele colher pêssegos ou cavar buracos; Deus sabe que isso seria melhor para a sua saúde.” (Ray Bradbury – Zen e A Arte da Escrita)

E vamos começar! Primeiro post, primeiro dia deste site e bem vindos, caros leitores e escritores ao Ecos Literários do Fim do Mundo – Lucas Nangi, um blog em que pretendo passar algumas dicas literárias, músicas inspiradoras, indicações de livros e, claro, para os animados em ler, alguns de meus textos!


Por que começar com Contos? Porque a armadilha de se pensar que essa narrativa seja fácil simples de escrever acaba gerando muita pedra no caminho de escritores, − sejam os iniciantes como eu, ou os mais velhacos que ainda temem se arriscar nesse mundo contista – conforme bem tenho visto em grupos e meios de discussões de escritores.
Pensando nisso, resolvi deixar um pouco de minha visão a respeito dos Contos, tópicos que li e estudei, e minha visão a fim de ajudar um pouco aqueles que estão nesse caminho fantástico que também trilho!

Por isso, mais do que uma pequena história, entendo que Conto é o reflexo daquilo que vivemos e imaginamos, e isso não apenas ao, como diria Stephen King, “Leitor Fiel”; mas também ao escritor que se delicia nesse processo de expor a si mesmo em poucas linhas.

 

A arte de produzir Contos remonta a uma antiguidade humana além daquela em que podemos imaginar, tratando-se, como bem explicita R. Magalhães Júnior em “A Arte do Conto”, da “mais antiga expressão da literatura de ficção”, sendo usado até por grupos que desconhecem a escrita! Uou, como assim!?

 

Dos Contos orais ditados por nossos antepassados, aos Contos escritos que vemos modernamente, a criação de Contos reproduz uma qualidade intrínseca ao ser humano. Porém, ter a ideia do Conto é bem fácil, como reproduzi-la?
Vejo muitos escritores iniciantes - assim como o sujeitinho falante aqui − que se perdem nesse processo, que entram em conflito com sua própria escrita e se perguntam: “O que raios é um maldito Conto?” e “Como faço pra escrever isso?”.
Há quem diga que Contos são romances em miniaturas. Há quem diga que quem escreve Conto não sabe escrever um romance (“sics” eternos para inteliJegues como da pessoa autora desta frase...). Há quem não diga nada, apenas senta e não faz ideia de como escrever...

 

Por isso, algumas pequenas considerações a respeito da criação de Contos. Vamos aos tópicos!

 

1) Conto é uma narrativa curta! Sim! Pequena, meus caros filhotes de Nazguls! Em um dos critérios mais usados pela literatura inglesa, o Conto é um texto que tem entre 2 mil a 7.500 palavras. Ok! Temos um critério, o qual, porém, não precisa ser seguido ao pé da letra, é claro! Não é uma regra, não vamos cair no preconceito de acreditar que tais parâmetros servem para engessar o escritor, mas, sim, que são guias para a criação dessa historinha! Eita, se é uma história curta, como colocarei meus duzentos personagens nela? Resposta no próximo episódio da próxima semana... só que não...

 

2) Resposta: Caro jovem ancião, você NÃO colocará! Trata-se de uma história curta, logo, com poucos personagens. De preferência um principal ao redor do qual a história irá se desenrolar, ainda que com personagens secundários que darão o tempero da trama. Porém, com tão pouco espaço, você irá se aprofundar neles? Nops, a não ser que o Conto em si seja uma reflexão pautada na existência do protagonista (uma moça em seu apartamento, requentando comida e relembrando de como seu passado de luta contra aliens zumbis vegetarianos fez dela uma cantora gospel, por exemplo...tá empolguei!), ou seja, se o motivo do Conto for, justamente, aprofundar alguma questão subjetiva do personagem (veja que é DO, não DOS, singular, UM personagem). 

 

3) Poucas palavras, poucos personagens, bora não complicar a narrativa? Um enredo simples, nada complexo que possa abrir caminhos para várias ações, apenas uma motivação do personagem que irá seguir a um clímax; uma ação, ou seja, apenas um conflito a ser resolvido. Um guerreiro indígena que, passeando pela floresta, é atacado por uma onça, o guerreiro a mata e dedica sua vitória a um de seus deuses. Ponto final e o Conto está aí! Nada de remontar as origens do guerreiro, colocá-lo conversando com outros de sua tribo antes de sair, fazê-lo olhar o mar vendo portugueses chegando, preparando a fogueira para se alimentar da onça e pensando como serão seus próximos dias. Não complica, galerinha...

 

4) Huum... então se é para não complicar o enredo, é melhor ter uma escrita rápida e dinâmica? “Oui, mon cherie!” Vamos acelerar o processo, dar um ritmo gostoso de leitura, não sermos maçantes. Pode ter descrições, mas não exagere; pode ter um espaçamento de tempo, mas não o complique. Se quer botar algum objeto, alguma cena, algum cenário, então ele deve ser imprescindível para a história, não apenas um enfeite jogado ali. Descreveu um chinelo encardido jogado em um canto, faça o personagem tropeçar no chinelo, ou sentir náuseas com o cheiro de queijo parmesão que o chinelo tem... mas faça algo com o pobre objeto. Vamos escrever sem enrolar e dar ao leitor aquilo que chamamos de clímax!

 

5) “Que palavra indecente, Nangi! Clímax pra mim é...”, não se finja de sacana, meu querido leitor! Clímax é aquele momento auge da história, aquilo que encaminha ao desfecho, que o leitor irá se arrepiar e falar algo (aí sim!) indecente em voz alta, irá proporcionar o sentimento que tanto busca com a história, ou apenas irá segurar a respiração até que aconteça o...

 

6) Desfecho, caros mancebos e placebos! A finalização do Conto, aquela 7.500ª palavra da sua história. O fim, a resolução do conflito que você estabeleceu na sua história e que irá fazer o seu Leitor Fiel fechar o Conto e pensar que um dia irá relê-lo porque o adorou (Viu como boto fé em você?!).

 

Então, fechando esse primeiro textinho de ajuda aos escritores, “simbora” relembrar a você que quer escrever um Conto: pegue uma história curta, crie poucos personagens, pense no conflito que ele deverá resolver, escreva de maneira dinâmica e gostosa como ele está resolvendo o conflito, chegue ao clímax do conflito e... “voilà”, acabe-o! Bem vindo ao final de seu Conto, parabéns!

 

Claro, não é o fim. Você deverá relê-lo (recomendo dar uns dias para isso, assim sua visão não irá pregar peças em você a ponto de pular erros e incoerências), reescrevê-lo, revisá-lo, enviar a leitores betas, reescrevê-lo mais uma vez e, aí sim, sentir-se satisfeito com a glória de seu querido Conto, expondo-o ao mundo!
Gostou do texto? Tem sugestões? Críticas? Fique à vontade para curtir, comentar e votar!

 

A fim de mais tópicos para escritores? Que tal acompanhar a página do facebook Ecos Literários do Fim do Mundo – Lucas Nangi, e ver, a cada semana, um textinho diferente para tentar ajudar os escritores desse mundo cão que estão tentando achar seu lugarzinho na literatura (como eu, “babys”!)

 

Grandes abraços literários e “hasta la vista”!

 

*Ecos Literários do Fim do Mundo: https://www.facebook.com/ecoslucasnangi/

 

REFERÊNCIAS E INDICAÇÕES

 

A Arte do Conto: sua história, seus gêneros, sua técnica, seus mestres. R. Magalhães Júnior. Disponível em: <https://lookaside.fbsbx.com/file/R.%20Magalhães%20Jr%20A%20ARTE%20DO%20CONTO%20%281%29.pdf?token=AWxZCJdRVpUWigfZLW-f3kB8Tob-1iLQtM-t0DvVZuKdtBHN1R0inS4T1JE9jCbqd1ulCs_lIZSM9UYRIk_TcGkEMMM8agUFF04aBKwbKUloDFj15WmA2RjP8dCAmFp5SQLDFbZHSN5AyDBXfoUkiwOQ>.

 

O que é um Conto? Rodrigo Van Kampen. Disponível em: <  http://viverdaescrita.com.br/o-que-e-um-Conto/>. 

 

Conto. Colégio Ari de Sá Cavalcanti. Disponível em: < https://lookaside.fbsbx.com/file/Conto.pdf?token=AWwytZGOFgplBjBA_aitoODaybqIQb0HPLUdCsoWl_vOZuH8yCeU8-ZOVpz_RbXBa_Or-kBIpo4EHeiQoScVEHI04Bz7EV14EAFmoe0iNG0MSnIDl2yLcClonMoQrt9s3p3v5IFzJDQvkvvCnijLkyZf>.

 

O Conto como Dizem. Edson Rossato. Disponível em: < http://www.recantodasletras.com.br/artigos/430905>. 

 

Diferença entre desfecho, conflito e clímax. Gramatical. Disponível em: < http://gramiticalddd.blogspot.com.br/2013/06/diferenca-entre-desfecho-e-climax.html>. 

 

5 Passos para escrever um Conto. Dicas de escrita. Disponível em: < http://www.dicasdeescrita.com.br/ficcao/5-passos-para-escrever-um-Conto/>. 

 

5 Dicas para escrever Contos. Escriba Encapuzado. Disponível em: < http://www.escribaencapuzado.com.br/2013/06/5-dicas-para-escrever-Contos/>.

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